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Os Noventa Anos de Mandela

por VENCER É POSSÍVEL, em 08.07.14
Outro aniversário importante de Nelson Mandela, que Abílio Soeiro descreve no seu livro "Obrigado Madiba", foi comemorado no dia 18 de Julho de 2008

 

"Cinco anos depois participei numa outra celebração, desta vez assinalando os seus 90 anos. Foi uma data festejada mundialmente. O foco da homenagem a Madiba foi um grandioso espectáculo musical realizado em Londres e transmitido em directo para todo o mundo, no qual ele esteve presente na companhia de Graça Machel.

 

Não há palavras que possam descrever o carinho e a emoção que as pessoas de todos os cantos do mundo sentiram nesses dias. Isto mesmo foi sublinhado pelo conhecido artista norte-americano Will Smith, que, na qualidade de mestre-de-cerimónias desse espectáculo em Londres, subiu ao palco para felicitar Madiba.

 

No dia 18 de Julho de 2008, data do nonagésimo aniversário de Madiba, eu e a Lola estávamos em Joanesburgo, preparando-nos para participar nas celebrações, quando tivemos a agradável surpresa de receber gratuitamente os nossos bilhetes de passagem para um voo de duas horas com destino a Qunu, berço da família Mandela. Sentimo-nos muito honrados por nos ter sido concedida essa distinção. Tratava-se de mais uma prova da amizade que Madiba nutria por nós.

 

Chegámos a Qunu por volta das onze horas da manhã do dia 19 de Julho de 2008, para participarmos num almoço festivo. À nossa chegada, fomos recebidos por elementos do protocolo que nos acompanharam à residência oficial de Madiba, para lhe apresentarmos os nossos parabéns e cumprimentos. Esta atenção protocolar sensibilizou-nos bastante.

 

Durante o almoço servido numa tenda enorme, apercebi-me que na mesa de honra estava, acompanhado por sua esposa, Thabo Mbeki, Presidente da África do Sul, bem como Jacob Zuma, presidente do ANC e seu actual sucessor. Entre outras individualidades, estava também uma senhora de avançada idade, de origem indiana, que penso ser familiar de um dos presos políticos sul-africanos amigos de Madiba e que preparava para ele o famoso “arroz biryani”.

 

Numa outra mesa, com os seus multicolores trajes típicos ainda envergados, ou até semi-nuas, sentavam-se as dançarinas que tinham saudado os convidados à chegada. As danças tradicionais contribuíram bastante para dar uma nota festiva a esta celebração.

 

Uma outra atenção que muito nos agradou foi o facto do protocolo ter organizado o nosso regresso a Joanesburgo nessa mesma tarde, utilizando um avião privado, evitando dessa forma termos de pernoitar em Qunu, onde não havia alojamento suficiente devido aos inúmeros convidados presentes. A viagem de Qunu para Lanseria, nas proximidades de Pretória, durou cerca de duas horas.Aproveitámos para visitar os nossos filhos e dar uma volta pela cidade de Joanesburgo, que já então se preparava para receber alguns dos jogos do Mundial de Futebol de 2010.

 

Se ainda não foi depreendido, o motivo desta grande amizade que sinto por Madiba é muito simples: uma profunda admiração pela sua personalidade, pelos seus feitos e pelo que ele representa enquanto homem e figura pública. Por outro lado, a retribuição desta amizade e o reconhecimento que ele sempre nos soube manifestar."

Se “Obrigado Madiba”, de Abílio Soeiro, foi um ponto de partida para o apoio à construção do Hospital para Crianças Nelson Mandela, o concurso VENCER É POSSÍVEL representa a continuidade da mesma iniciativa benemérita. A imagem mostra a entrega à Fundação Nelson Mandela de mais um cheque que representa uma significativa parte da venda do livro.

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Os Oitenta e Cinco Anos de Madiba

por VENCER É POSSÍVEL, em 08.07.14

Mais uma vez, transcrevemos do livro "Obrigado Madiba" uma passagem que lembra como se celebrou o aniversário de Nelson Mandela no dia 18 de Julho de 2003:

 

"A festa do octogésimo quinto aniversário aconteceu em Joanesburgo. Vivemos, uma vez mais, momentos memoráveis. Fiquei surpreendido com todo o calor humano e afectividade que lhe foram manifestados. Na verdade, a festa prolongou-se por dois dias cheios de eventos culturais e expressões de carinho. No primeiro dia foram divulgadas, em telas gigantes montadas na sala de banquetes, onde decorria o jantar, mensagens dedicadas a Madiba, que anteriormente lhe tinham sido endereçadas. Eu e a Lola também tínhamos enviado a nossa mensagem de parabéns. Por isso ficámos agradavelmente surpreendidos quando a vimos ser projectada.

 

Este aniversário de Madiba fascinou-me pelo inédito de algumas passagens. Causou particular sensação entre os convidados o momento em que Madiba entrou no salão e, coincidentemente, se acenderam todas as luzes para o surpreender. Os mais ínfimos pormenores da preparação do evento tinham estado envolvidos em segredo, para evitar que Madiba tivesse conhecimento do que se estava a organizar e, por conseguinte, as festividades fossem uma surpresa.

 

Um outro aspecto que muito apreciei foi quando na projecção de mensagens foi criada a impressão de que Oprah Winfrey, conhecida apresentadora de televisão, empresária norte-americana e grande amiga de Madiba, estava nos Estados Unidos da América lendo a sua mensagem de felicitações via satélite. De repente, porém, ela irrompeu pessoalmente na sala a cantar “Parabéns a Você!”, acompanhada por uma plêiade de figuras internacionais, como a modelo Naomi Campbell e muitas outras. Tanto no dia 18 como 19, a festa contou com a presença de muitas personalidades internacionais, entre as quais a Rainha da Holanda, o casal Bill e Hillary Clinton, Bono dos U2 e Robert de Niro."

Na imagem, o autor de “Obrigado Madiba” entrega a Tito Mboweni, da Fundação Nelson Mandela, mais um cheque da venda do livro para apoiar a construção do Hospital para Crianças Nelson Mandela.

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Em 2000 Foi Assim...

por VENCER É POSSÍVEL, em 08.07.14

Dentro de escassos dias celebra-se uma data assinalada em todo o mundo. Este vai ser o primeiro aniversário de Mandela depois do seu desaparecimento físico. Mais do que antes, lembrar quem foi este grande homem reveste-se de particular significado. Por isso fomos buscar uma passagem do livro "Obrigado Madiba", de Abílio Soeiro, em que se descreve como foi comemorado o seu aniversário em Maputo, quando Nelson Mandela completava 82 anos de idade.

 

"Eu estava lá a convite de Graça Machel, para ajudar a organizar o almoço  de apresentação da sua nova casa em Maputo. Mas a ocasião servia também para assinalar os 82 anos de Mandela, já completados no dia 18 de Julho daquele ano.

 

No dia da inauguração da nova casa, recebi as primeiras tarefas. Entre elas, fui incumbido de ir ao aeroporto receber os familiares de Nelson Mandela que chegavam nessa manhã, vindos da África do Sul. O avião que transportava os seus filhos, netos e bisnetos chegou a Maputo às 10:15 horas. Tratava-se de um voo especial.

 

Os familiares foram recebidos numa área privilegiada do aeroporto destinada a passageiros que desejem serviços especiais de apoio e comodidades, o Salão CIP. Aí tomaram um pequeno-almoço ligeiro. Em seguida foram de autocarro até à Costa do Sol, uma das mais conhecidas e populares praias de Maputo. Muitos deles nunca tinham visto o mar e era preciso dar-lhes essa alegria – principalmente aos mais novos. Dessa forma ganhava-se tempo para os últimos arranjos na casa a inaugurar. A ida à praia daria igualmente para se acabar de preparar o almoço para os muito ilustres convidados que se esperavam.

 

Quando os familiares finalmente chegaram à nova casa, foram todos cumprimentar Madiba. Este recebeu-os com grande afabilidade, mas mostrou-se particularmente alegre ao ver os seus netos. Mesmo depois de todos os outros se terem retirado e dispersado pela casa e jardim, Madiba ficou com os mais pequenos, conversando e brincando com eles por mais algum tempo. Ouviu com muita atenção e alegria as estórias que eles traziam para lhe contar e os seus progressos escolares, bem como a recente aventura de terem chegado a Maputo de avião e terem ido ver o mar e as areias muito brancas da Costa do Sol.

 

Momentos antes do almoço choveu durante uns dez minutos. Como não era habitual nessa altura do ano, o facto foi interpretado como sendo uma bênção africana. Não sei se foi ou não. A verdade é que a chuva atrasou o início da cerimónia em cerca de meia hora, tendo provocado alguma correria entre os convidados que procuravam abrigar-se. Mas também é verdade que a chuva parou completamente até ao fim da tarde.

 

Houve uma questão que nos preocupou, a mim e à minha mulher, nos dias que antecederam esta cerimónia: nós íamos estar presentes também como convidados e, portanto, o que oferecer a uma figura tão especial como Nelson Mandela? A Lola sugeriu que se mandasse fazer um bolo de aniversário muito simples, tendo apenas a característica invulgar de ser ornamentado com uma garrafa de champanhe e dois copos de cristal para serem utilizados pelo casal. Foi isso que fizemos e foi assim que, na mesa de honra, o bolo que a Lola idealizara ocupou um lugar de destaque. Antes de ser servido o almoço, Madiba cortou uma fatia de bolo que ofereceu à sua esposa Graça Machel, brindando à felicidade de todos os convidados presentes.

 

Durante o almoço serviram-se vários pratos. Como era de esperar, o que mais agradou foi o camarão e a matapa. Tratando-se de uma cerimónia familiar, não poderia faltar a carne de vaca no espeto, que é uma tradição da família Machel. Não faltou também a carne de cordeiro, que é uma tradição tanto da família Mandela como da família Machel.

 

Por duas razões muito diferentes, senti uma certa tristeza ao ver aproximar-se a hora de levar ao aeroporto os familiares de Madiba. Em primeiro lugar porque dizer adeus é sempre triste. Depois, porque Madiba estava a tirar fotografias com os convidados presentes na festa e eu não poderia participar nessa sessão.

 

Cerca de duas horas depois, já de volta à residência, quando todos os convidados se haviam retirado e apenas a família e o grupo que organizara a festa estavam presentes, a minha esposa segredou-me, com um grande sorriso, que tinha tido o privilégio de tirar uma fotografia com Madiba e Graça Machel. Uma vez mais, um sentimento de tristeza assaltou-me ao me aperceber que tinha perdido essa oportunidade.

 

Por saber da tarefa que me tinha sido incumbida, Graça Machel fez questão que ficássemos para o jantar, uma vez que já era noite. Isto acabou por me proporcionar a tão almejada fotografia com Madiba.

 

O dia tinha sido pródigo em emoções e nós estávamos todos cansados. Depois do jantar limitámo-nos às despedidas. Saímos dali com a sensação de termos privado com pessoas que tinham assumido importantes papéis na História do meu país, de África e do Mundo, e que, apesar disso, tinham sido capazes de se manter afáveis, cheias de consideração e respeito pelos outros."

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